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A Douta Ignorância

Política, Economia, Literatura, Ciência, Actualidade

A Douta Ignorância

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Filisteu

Bruno Vieira Amaral, 22.08.10

Longe de mim querer comparar Memento a O Último Ano em Marienbad, num exercício de cabotino filisteu. Memento quer ser percebido, ainda que se esconda sob um contorcionismo de argumento. Tem a profundidade intelectual de um puzzle. É uma obra de arte no mesmo patamar de um problema de sudoku. Já o velhinho filme de Resnais não está organizado de forma a ser percebido. É uma obra de arte que foge ao espectador até que este, e não a obra, se renda. É claro que o espectador pode fazê-lo de duas maneiras: mandando Resnais à merda e dizer que não percebeu nada do filme ou contemplando a obra sem querer à força traduzi-la para o seu (muitas vezes parco) léxico mental. Há obras de arte que existem e tudo o que são e podem ser é o lugar que ocupam no mundo. Dentro de certos filmes "percebíveis" há imagens que não se rendem. Penso em duas: o último plano em que aparece a personagem de Barbara Bel Geddes em Vertigo e a imagem final de Jean-Pierre Léaud em Os 400 Golpes. Não sei o que significam, mas sei que me dizem tudo aquilo que preciso de saber. 

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