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A Douta Ignorância

Política, Economia, Literatura, Ciência, Actualidade

A Douta Ignorância

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Cavaquices [2]

Tiago Moreira Ramalho, 30.10.10

Não será por acaso que duas pessoas tão diferentes e com coeficientes de inteligência tão díspares concordam na proposição elementar de que Cavaco Silva é, na realidade, uma nódoa. Daquelas de gordura, que toda a gente nota e dificílimas de sair. Em cinco anos, cooperou estrategicamente, depois deixou de cooperar estrategicamente, pelo meio inventou umas escutas, fez uns comunicados, teve muitas vezes razão, outras tantas não teve nenhuma. Um verdadeiro bolo-rei político. No entanto, deparado com a inevitabilidade da urna, este vosso servo olha-se e pensa, com a mão na testa enrugada, em qual é a alternativa. E aqui é que começamos a dançar um verdadeiro folclore de angústia e tristeza. Uma das alternativas olha-se como um herói épico, apesar de nunca ter sido herói de ninguém, é admirado pelas ideias, que no geral desconhecemos, que daquela boca só saem odes à «esquerda», à «solidariedade» e coisas que tais, abstracções próprias de gente básica. Se é certo que Cavaco não é propriamente um poço de intelectualidade, no bardo nem um módico de pragmatismo encontramos. Além da hipocrisia tremenda de que é senhor, colocando-se me frente aos canhões umas vezes e atrás deles outras, enquanto assume uma pose de incorruptível. Um asco, o senhor. A outra alternativa, se é que é uma alternativa, começa logo por ter simpatias monárquicas, o que não é nada, mas nada estranho num candidato a Presidente da República. Diz que é muito bom cidadão. Todos concordamos. Trabalho de cidadania extraordinário. Não chega. Ser um bom cidadão não é sinónimo de ser um bom estadista, nem tão pouco é disso potenciador. Todos reconhecemos o trabalho de Fernando Nobre, mas, de facto, o cargo de Presidente da República não é bem uma comenda – disso já se dá ao metro. Além de que temos o bom velho problema de não saber de nada do que pensa, até porque já foi senhor de se passear por todas as cores do arco-íris político português. É triste, caro leitor-eleitor, mas dos três nenhum presta e votar num é engolir um sapo para que não se engula um elefante. Aqui nesta cadeira em que estou sentado, continua a pensar-se no simples branco ou em fazer um qualquer comunicado à nação no boletinzinho.

 

Adenda: O João Gonçalves publicou no seu facebook um comentário a este texto. Como gostamos de manter um certo círculo blogosférico independente dos facebookismos da moda, transcrevemos, até porque está uma maravilha, o comentário: «O post em anexo, que começa por classificar de "nódoa" o Presidente da República, sugerindo o voto em branco ou um post equivalente estilo "conversa apanhada no talho" a colocar no boletim de voto, é uma garotice irresponsável de efeito fácil que poderia perfeitamente ilustrar um episódio especial dos Morangos com Açúcar dedicado aos melhores alunos do "liceu". E ainda há quem gostasse que começassem a ser imputáveis aos 16 anos...» No essencial, diz tudo, mas não sobre mim ou sobre o meu texto.

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