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A Douta Ignorância

Política, Economia, Literatura, Ciência, Actualidade

A Douta Ignorância

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O terror

Rui Passos Rocha, 14.11.10

Agradeço desde já aos «aterrorizados» economistas políticos (ah, o barbudo) franceses que carimbaram o manifesto anti-estado-de-coisas e pró-reviralho-desta-merda-toda por lá terem encaixotado o essencial dos argumentos da esquerda contra o sistema. Que sistema? Como todos sabem, este sistema macrocéfalo e explorador em que todos vivemos, uns na opulência e outros a chafurdar no miserável lodo. Que nem escravos. O texto é útil, não estou a gozar; é que não é nada comum, pelo menos nos antros por onde circulo, e enquanto não me atiro ao calhamaço do Kolakowski, ler-se mais do que os típicos «a oligarquia, aliada com os grandes interesses do capital, tem uma política de usurpação dos direitos adquiridos pelo suor dos trabalhadores e quer conscientemente empobrecer o grosso da população», ou o meu preferido «para solucionar esta crise temos de expropriar os exploradores e aumentar os impostos aos restantes capitalistas e ricalhaços da linha de Cascais, cujos salários, redistribuídos, bastariam para nivelar o rendimento per capita nos 2000€ até que os amanhãs comecem finalmente a assobiar». O texto fala da ascensão do neoliberalismo, da desregulação dos mercados, do consumismo desenfreado sem o freio da mão invisível do Estado, por aí fora. E diz uma coisa que, a bem dizer, me tirou o sono esta noite: não é que os cães tinhosos que negoceiam Obrigações do Tesouro português compram mais quanto mais altos forem os juros? Ao contrário do que li no economia para tótós ilustrado, parece que no mercado da dívida a lei da procura e da oferta não se aplica, valha-nos São Hicks: «quando o preço aumenta é frequente constatar não uma descida mas sim um aumento da procura». Minha gente, estamos condenados a ser comidos pelos predadores. Graças a Askenazy e amigos, agora sei que os juros da dívida portuguesa vão inevitavelmente subir para os 200% ou mais. Alguém impeça esta gente de negociar com a soberania aqui do canto; por amor à foice, alguém nos dê solidariedade e pluralismo, joão-rodriguesmente falando.

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