Assunção
Assunção Cristas é a personificação da beleza lusitana, confundida em alguns sectores radicais com fealdade ou, pelo menos, com uma certa rudeza de traços. Cristas é uma valquíria meridional, se as houvesse; uma amazona sem ablações. Não merece as responsabilidades ministeriais, que cansam e desfeiam, os projectos-lei, que esgotam a vitalidade, o ar condicionado dos gabinetes (agora não, que a Assunção quer proibi-lo), que embaça a pele e provoca pieira. Merece ser modelo da figura da República, eternizada em moedas (poucas) nas mãos dos portugueses e estátuas na Assembleia. Admiro-lhe a franqueza e a vivacidade do olhar, a sua arma primeira. Não tem sinais de debilidades urbanas. Apresenta, ao invés, uma solidez de formas, um vigor saloio, uma higiene mental que conforta o eleitorado em geral e os produtores de leite em particular. Fosse eu obrigado e também lhe atribuiria a pasta da agricultura, porque Cristas é mulher que evoca figos e nêsperas, pêssegos e meloas, saboreados nas tardes quentes dos verões alentejanos. Não é produto das faculdades, onde se discute de mais e se respira de menos, nem dos aparelhos partidários de onde brotam os santarrões que por aí se indignam, derramando cinzentismos, embriagados de sobriedade. É um produto da nossa terra, expressão de força vital de um povo que anda sempre derreado e macambúzio. Eu, se mandasse neste país, declarava-a património nacional.