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A Douta Ignorância

Política, Economia, Literatura, Ciência, Actualidade

A Douta Ignorância

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11 comentários

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    RPR 28.05.2010

    Não vejo grande diferença entre um iPad ou um telemóvel, por exemplo. Qualquer produto tecnológico, não de primeira necessidade, é uma "bandeira" da mesma economia de mercado cujo pescoço o BE quer apertar.
    Imaginei que o Miguel respondesse que o BE não é anti-capitalista. É que esse ponto é discutível.
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    Miguel Madeira 28.05.2010

    "Qualquer produto tecnológico, não de primeira necessidade, é uma "bandeira" da mesma economia de mercado cujo pescoço o BE quer apertar."

    Em primeiro lugar, estamos a falar de "capitalismo" ou de "economia de mercado"? São duas coisas distintas (ou, pelo menos, os auto-proclamados "anti-capitalistas" usam-nos com significados distintos).

    Mas o meu ponto principal é outro - a maior parte dos anti-capitalistas são da opinião de que o capitalismo retarda o progresso da tecnologia e se vivêssemos no socialismo já teríamos iPads de 13º geração (e trabalharíamos apenas 3 horas por dia); logo para eles os produtos tecnológicos não são um produto do capitalismo, mas algo que existe apesar do capitalismo (da mesma forma que os liberais não considerem os telemóveis como fruto do estado social nórdico).

    Pode-se argumentar que os anti-capitalistas estão errados, mas penso que isso é irrelevante para este discussão (penso que o que está aqui a ser discutido é se são logicamente coerentes, não se estão correctos).
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    RPR 28.05.2010

    O Trotsky era ainda mais ambicioso: dizia que seria possível, com o seu socialismo, criar uma sociedade de Aristóteles - tudo gente inteligente a esse ponto.

    Um liberal não considera o telemóvel uma invenção do Estado Social nórdico porque vê-a como criação de uma economia de mercado, que prospere apesar de o Estado ser mais ou menos regulador ou taxador.

    A questão é que o BE implementaria políticas muito mais restritivas dessa economia de mercado do que qualquer Estado Social nórdico.

    Para mim, a contradição nas palavras de Rui Tavares é que ele apoia um partido que implementaria políticas que tornariam impossível a criação de um iPad em território nacional. Faz sentido querer restringir um tipo de produção em solo nacional e, ao mesmo tempo, importar os produtos desse trabalho?

    Falo de economia de mercado, porque capitalismo é suficientemente escorregadio para não chegarmos a consensos: http://onumeroprimo.wordpress.com/2010/01/05/procura-se-2/.
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    Miguel Madeira 28.05.2010

    "Para mim, a contradição nas palavras de Rui Tavares é que ele apoia um partido que implementaria políticas que tornariam impossível a criação de um iPad em território nacional. "

    Em primeiro lugar, penso que, de qualquer maneira, o iPad já não é produzido no território nacional (posso estar enganado).

    E em segundo lugar (e o mais importante), provavelmente o Rui Tavares não acha que as politicas que defende tornariam impossível a criação do iPad (provavelmente achará o oposto - que a destruição do Estado Social é que irá tornar impossível a criação de iPads e telemóveis por falta de mercado).

    Ou seja, ele pode estar errado, mas não está a ser incoerente com aquilo que julga estar correcto.

    (note-se que eu não sei o que o RT pensa; estou apenas a tentar imaginar o que ele provavelmente pensará)
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    RPR 28.05.2010

    Talvez seja melhor imaginar que estamos na Finlândia, onde se produzem telemóveis, e que as eleições são ganhas por um partido com o programa do Bloco de Esquerda. Não duvido que a produção da Nokia seria no mínimo afectada pela governação.

    A contradição, no meu entender, está em valorizar-se pessoalmente algo que, enquanto putativo governante, se faria por coarctar. Não quero com isto dizer que, enquanto governante, o Rui Tavares desvalorizaria os telemóveis Nokia, mas apenas que a prioridade que daria aos direitos laborais afectaria a produção da Nokia, que deixaria de ser tão criativa - e, por isso, não criaria os seus famosíssimos (estou a sonhar) Nokia Pads, concorrentes do iPad da Apple. Depois, o Rui Tavares encomendaria um iPad via Amazon...
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    Miguel Madeira 28.05.2010

    Mas acho que o que interessa para aqui não é os resultados que as politicas do BE (ou Aliança de Esquerda finlandesa) teriam, mas os resultados que o Rui Tavares acha que teriam (e suponho que ele não achará que essas politicas fossem reduzir a criatividade da industria de telemóveis finlandesa).
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    RPR 29.05.2010

    A questão é se devemos "achar normal" essa dissonância cognitiva - ou seja, se caso o Rui Tavares chegasse a governante, deveríamos ou não alertá-lo e à população para as consequências (no caso as que referi) de um aspecto do seu programa eleitoral.
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    Miguel Madeira 29.05.2010

    Mas não me parece que haja aí uma "dissonância cognitiva" - as ideias dele até podem estar erradas, mas não me parece que sejam intrinsecamente contraditórias (de novo ressalvando que não conheço as ideias dele - estou apenas a especular).

    Uma analogia - imagine-se que, em vez de seguir o caminho que usualmente uso para ir à praia, meto-me pelo caminho contrário. Se eu fizer isso porque não quero ir para a praia e mesmo assim levo a toalha e o chapéu de sol, haverá a provavelmente uma dissonância cognitiva; mas seu eu fizer isso convencido que vou também chegar à praia por esse caminho, e talvez ainda mais depressa, não há dissonância nenhuma em levar a toalha e o chapéu de sol (eu posso estar errado, mas não estou sendo logicamente incoerente).

    O RPR não estará a cair no erro de assumir que o Rui Tavares tem os mesmos juízos de facto que si e que só pode discordar a nível de juízos de valor?
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    RPR 30.05.2010

    Uma coisa é o auto-convencimento (não me passa pela cabeça que o Rui Tavares pense ou faça algo contra a sua consciência), mas outra pode ser a realidade. Se eu conseguir comprovar que o programa do Bloco de Esquerda tem os efeitos 'x' e 'y' na produção da Apple - no caso particularmente os iPad (imaginemos que são produzidos cá) -, então eu posso concluir que ele pode estar em dissonância atitudinal com o comportamento que teria ao votar no BE.
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    Miguel Madeira 30.05.2010

    Acho que só faz sentido falar em "dissonância" (ou em não achar normal um certo comportamento, para pegarmos na formulação original do post) se o comportamento do individuo estiver em dissonância com aquilo de que ele está auto-convencido.
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