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A Douta Ignorância

Política, Economia, Literatura, Ciência, Actualidade

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Uma zaragata familiar

Tiago Moreira Ramalho, 31.07.10

Definir a Primeira Guerra Mundial como uma zaragata familiar pode parecer quase jocoso, mas, de facto, a realeza europeia, no início do Século XX, era perturbadoramente «familiar». Graças à esperteza de uma pequena família alemã, os Saxe-Coburg, que se relacionou de forma extraordinária com todas as casas reais europeias, tínhamos, em 1914 uma Europa cujas coroas se tratavam por diminutivos carinhosos. A própria rainha Vitória temeu pela saúde e sustentabilidade da família, defendendo, a certa altura, a entrada de «sangue novo», para que as novas gerações não sofressem de males como a hemofilia – no princípio do Século XX, sete membros da família sofriam da doença –, os quais estão intimamente ligados ao inbreeding. Para que o leitor se aperceba da dimensão do fenómeno, em 1901, quando a rainha Vitória morreu, havia sangue dos Saxe-Coburg nas casas reais da Grã-Bretanha, da Irlanda, do Império Austro-Húngaro, da Rússia, da Dinamarca, de Espanha, de Portugal, da Alemanha, da Bélgica, da Grécia, da Roménia, da Bulgária, da Suécia e da Noruega.