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A Douta Ignorância

Política, Economia, Literatura, Ciência, Actualidade

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O mercado é o mercado

Tiago Moreira Ramalho, 06.08.10

O Henrique Raposo acertou numa coisa com esta crónica: «O mercado é o mercado». Esta garrettice de dizer que para uns ganharem o que ganham outros têm de ganhar menos é um dos mais perenes disparates da discussão pública portuguesa. Vamos ver se nos entendemos: a PT e a EDP, independentemente das participações do Estado, que, diga-se, costuma votar contra certos salários, têm donos. Esses donos, venha lá quem vier, são quem toma a responsabilidade da empresa. E se esses donos querem dar aos seus gestores salários elevados, ninguém, repitamos com um sorriso, ninguém tem nada que ver com o assunto. Já os salários dos trabalhadores não costumam ser votados em Assembleia Geral, mas são simplesmente definidos pelo mercado. «O mercado é o mercado». Se há gente a trabalhar para a PT por setecentos euros, independentemente da nossa apreciação sobre o valor – afinal, porque é que um salário de setecentos euros é baixo, alto ou assim-assim? Quem define tal coisa? – é porque existe gente que considera que o seu trabalho vale setecentos euros ou menos. E, novamente, em relação a isso nada temos que dizer, nós que estamos de fora.

Salários mais altos? Qualquer ser racional gostaria. Até um ser irracional gosta de ter mais comida, melhor dormida e mais segurança. A questão é que as negociações salariais são negociações privadas e não há reflexão moral possível que se lhes possa arrancar, mesmo que queiramos muito.

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