Tareia
Lá voltámos ao normal com uma normal goleada anormal, ou seja, números inusuais mas nem por isso completamente inesperados (antes do jogo, um benfiquista temia que o Benfica fosse fazer de Feyenoord e apanhasse dez). Hulk era, e com razão, a grande preocupação de Jesus. É verdade que inventou, que mostrou medo, que encolheu a equipa, etc, mas também há quem o acuse de não ter reforçado o meio-campo com mais um trinco, o que, presumo, teria sido um acto de coragem. Enfim, saiu o Peixoto, o que é sempre uma boa notícia. Jesus quis apenas não desperdiçar o seu melhor homem, Coentrão, na inglória tarefa de tentar travar Hulk. Pôs lá um homem, David Luiz, a quem todos elogiam a velocidade, mas que à primeira investida do Givanildo ficou de gatas. Na segunda parte, Coentrão não ficou de gatas mas, ao jeito do râguebi, teve de se mandar às pernas do Incrível. Resultado: penalty. Sejamos honestos: mesmo que Jesus não tivesse inventado o resultado não seria muito diferente. O Porto deste ano é muito superior a qualquer equipa da Liga. O Benfica, repetindo erros antigos (sobretudo a definição tardia do plantel, com erros de palmatória como o empréstimo de Urreta, o desaparecimento de Shaffer e a não-venda de Cardozo), está a milhas do Benfica do ano passado. Acabou-se a pressão alta, a solidez defensiva, a rapidez nas (é como se chamam agora) transições. Podemos continuar a falar de árbitros, das escutas, do sistema, da fruta, das viagens, do futebol de alterne, do fora-de-jogo do Cardozo contra o Guimarães: o Porto responde com Moutinho, Varela, Falcão e Hulk. Aquilo dá para albergar equívocos como Guarín, Rolando e Sapunaru e, mesmo assim, golear. Não ponho em causa a idoneidade de Luís Filipe Vieira, mas um presidente que compra um guarda-redes por 8.5 milhões de euros não percebe um caralho de futebol. Pinto da Costa percebe. De há trinta anos para cá, é essa a diferença. Mais puta, menos puta.