Não digas a ninguém
A boa velha América, terra dos livres e assim, mantém, apesar das tentativas insistentes dos opositores, a deplorável «Don’t ask, don’t tell». Custa-nos a perceber a razão pela qual se apoiaria tal imposição. Colocada em termos simples, é a coisa mais absurda do mundo: homossexuais (homens ou mulheres) podem entrar no exército (o rebuçadinho dado à comunidade gay), mas não podem tornar público que são homossexuais ou ter qualquer tipo de relação homossexual no exército, pois caso o façam, serão conduzidos à saída, possivelmente empurrados com pauzinhos, para que a coisa não se contagie (toda a gente sabe que a madeira é um mau condutor da homossexualidade). Independentemente do absurdo que constitui, a lei consegue recolher apoios bastantes para durar há dezassete anos. O que não nos deveria chocar. A homofobia, independentemente do absurdo que constitui, é regra nas civilizações, ainda que com intervalos irregulares, há milénios. Temos, enquanto espécie, uma propensão estranha para cultivar a nossa própria estupidez.