A beleza dos livros
É um facto, o livro é um objecto de arte. Mas a arte encerrada nas páginas de um livro não é impeditiva da leitura de livros electrónicos em instrumentos que, para alguns, são verdadeiras engenhocas do demónio, pedaços de plástico e metal sujos de pecado irreparável.
Ainda não leio livros electrónicos e ainda prefiro revistas em papel. Mas não é possível negar o apelo que o preço e a facilidade geram nos consumidores regulares. Para quem gosta de Charles Dickens, é diferente pagar dez euros por cada edição paperback ou dois euros pela obra completa de cinquenta e tal romances. Para quem gosta de ler a Spectator, é diferente pagar três euros por mês ou seis euros por semana. A arte custa dinheiro e é preciso olhar para as alternativas electrónicas como formas competentes de fugir ao luxo artístico que algumas publicações julgam ter.
Temos estantes menos completas? É possível, não nego. Mas a verdade é que nem todas as minhas paredes têm quadros, nem todos os pratos que como são gourmet, nem todas as roupas que uso são de estilista. Os livros estão simplesmente a sofrer o que outras artes também sofrem, quase desde que existem. Em vez de olharmos para isso como algo mau, deveríamos olhar como algo bom. Facilitar o acesso ao livro é um caminho óbvio para a universalização do gosto. E a universalização do gosto deveria ser o objectivo desses «defensores do livro» que nos aparecem todos os dias por aí, digo eu.