Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

A Douta Ignorância

Política, Economia, Literatura, Ciência, Actualidade

A Douta Ignorância

Política, Economia, Literatura, Ciência, Actualidade

Ingenuidade

Tiago Moreira Ramalho, 19.09.10

O senhor Taylor, indivíduo que, pela força das circunstâncias, já morreu, como quase toda a gente que interessa, disse aqui e acolá, apontando logo a seguir, a fim de publicar, que a ascensão de Hitler se deveu, em grande parte, à sua ingenuidade. Era um parvinho o senhor Hitler, portanto, e isso é que lhe valeu ser a figura mais odiada da História da Humanidade. Por cá, os nossos ingénuos, muito mais inofensivos, graças ao Senhor, parecem ter as respectivas ascensões baseadas em alicerces semelhantes. A estupidez dá votos e o desenrascanço é qualidade essencial para se ser homem de Estado. O estúpido actual, pelo menos, deve ter tirado muitas lições desta lição de Taylor.

Especialmente eu

Tiago Moreira Ramalho, 19.09.10

Do ponto de vista constitucional, institucional e, até, no que respeita às liberdades democráticas, parece-me de franco mau gosto que se ande por aí a gritar aos sete ventos que a selecção vai ter o «special one» como treinador. Digamos que não recebi nem sequer uma mensagem de texto com tal proposta, pelo que considero um tremendo despautério esta inventona. No dia em que me quiserem a seleccionar jogadores para ir fazer recreio no estrangeiro, avisam-me directamente e eu logo pondero. Assim, não.

Deixem o pobre homem descansar

Rui Passos Rocha, 18.09.10

Um ano depois, em 1976, Soares sonhava com um PS-charneira entre comunistas e conservadores (PSD e CDS), mas ficou preso na necessidade de coligações e, fivela apertada pelos burocratas-monetaristas, nas gadanhas de um General Presidente, nome de gente de douta ignorância, cuja iniciativa trouxe ao poder a única primeira-ministra e sósia capilar de Thatcher. Anos depois, e passada a azia com Cavaco, o líder histórico viu Guterres, o sr. da terceira via (nem esquerda nem direita, apenas boa e má gestão ó crápulas ideológicos), chegar finalmente ao centro e atirar o PSD para o frio táxi do CDS. Em 2008, já com Sócrates, agraciado pelas preces da carmelita Manuela Ferreira Leite, eis que de novo as águas do Mar Rosa se separaram e o PS alapou a socialista nádega no centro do espectro político - aqui, como atrás, refiro-me a como o eleitorado posiciona, em sondagens, os partidos entre 1 e 10. Em 2010, com 86 anos no bucho, Soares que procurou evitar a alternativa bipolarista (PS-esquerda vs PSD-direita), deve estar a revirar-se com a segunda alternativa, entrevista algures no horizonte: o PSD passista a reaproximar-se do regaço centrista, de onde o PS dificilmente descolará.

Nota-Engil

Rui Passos Rocha, 18.09.10

O erro é primitivo. Em 1975, quando o deus-25 de Abril nos atirou a costela-Constituinte, um destacado dirigente socialista - não me recordo quem, mas não é dos notáveis - dizia que os deputados se encontravam na posição originária de Rawls, com incerteza praticamente total em relação ao resultado que dali adviria. Todos cobertos, deduzo, pelo famoso véu da ignorância. Hoje, mais de 35 anos depois, nem uma alminha - senão a minha, atormentada pelo pecado da espécie - veio a público dizer que para Rawls o véu da ignorância, quando despido pela oligarquia no poder, não deveria ser atirado para cima das massas.

My name is Lata, É-preciso-ter Lata

Rui Passos Rocha, 14.09.10

Prosseguindo com os tesourinhos, aqui vai um de Narana Coissoró, deputado do CDS (como se vê, com o típico nome do machão nortenho de bigode), sobre os gastos de campanha para as legislativas de 1991: «Gastámos aquilo que é o máximo do limite legal. Mas todos sabem que toda a gente gastou muito mais. E todos dizem que gastaram o máximo legal».

A Terceira Via de Guterres

Rui Passos Rocha, 13.09.10

Isto com políticos parece que não vai lá: o descontentamento face aos partidos e ao modo corrente de fazer política é praticamente generalizado. Há alternativa? Enquanto não é por cá criado um Partido Melhor, como em Reiquejavique, notem-se pelo menos algumas ideias - para eventual futura aplicação: uma de alguém do Bloco de Esquerda, que decidiu criar no Facebook uma página para um macaco e assim concorrer em número de fãs com a de Paulo Portas; e a outra brilhantemente escrita por Guterres em 1984 para o Expresso: «Qualquer dos quatro grandes partidos poderia até colocar impunemente um atrasado mental a sexto ou sétimo candidato por Lisboa, desde que tivesse a precaução elementar de o manter suficientemente escondido durante a campanha».

O meu candidato para 2016

Rui Passos Rocha, 12.09.10

Domingo à noite, nada de especial para fazer, revisito um texto do João Pereira Coutinho sobre Cavaco Silva e noto que este meu superior hierárquico, justamente porque até hoje não teve dúvidas e raramente se enganou - apesar de não ocupar os seus olhos atarefados-com-coisas-mais-importantes com a imprensa portuguesa -, escreveu na famigerada Autobiografia Política (uma alminha que me envie pró e-mail um cachozito de citações dos dois calhamaços, pode ser?) que teve uma leve indisposição horas antes de Sá Carneiro se mitificar em Camarate. Ainda bem que temos limitação a dois mandatos; oráculo por oráculo, pelo menos o professor Karamba reeditaria a histeria em favor do Obama.