Agência feia [2]
É claro que independentemente do que digam as agências de notação financeira, a acção política ainda é determinada pelos governos e pelas instituições públicas que em torno deles orbitam. O que a agência de rating faz é, tão-só, introduzir mais informação no mercado. Aquilo que os governos fazem com essa informação cabe-lhes a eles decidir. E se até agora havia a ilusão de que a nossa política era ditada pelas agências de rating (o que é errado – a política era ditada pela realidade e pelos factos de que as agências nos davam conta), a decisão do BCE mostra de forma muito evidente que a política está nas mãos de quem decide. O que o BCE fez, como escreve o João Galamba, era óbvio – afinal, se a instituição que nos financia não confia no programa que nos impôs, mais ninguém pode confiar. No entanto, sendo ou não, mostra que não há uma ditadura dos mercados. Os mercados são a simples imprensa livre que morde as canelas de governos pouco cuidadosos.