A long way down the road
A forma mais fácil de colocar em perspectiva a recente subida de 15% do preço dos transportes é olhar para o buraco das empresas. Pelo menos, para quem percebe alguma coisa de contabilidade empresarial.
Como não é o meu caso, tentei manter as coisas tão simples quanto possível. Pegue nos relatórios e contas de algumas empresas públicas de tranportes, olhei para o resultado operacional líquido (que é invariavelmente negativo), retirei-lhe o esforço financeiro do Estado (indemnizações compensatórias) e comparei com a receita obtida em bilheteira. Ia fazer o exercício para a CP, Metro de Lisboa e do Porto e Carris, mas perdi a paciência depois de fazer as contas para as duas primeiras.
Aparentemente, os preços teriam de subir entre 160 e 260% para cobrirem os défices. Já agora, os valores estão arredondados: tirei as vírgula só para tornar os números menores.
Possíveis limitações do exercício: a) O Relatório e Contas do Metro de Lisboa é de 2009. Não sei se importa muito; b) Pode haver subsídios "escondidos", como verbas de PIDDAC inscritas fora da rubrica de subsídios. Eu apanhei 4 milhões entregues dessa forma ao Metro de Lisboa, mas podem-me ter escapado outros tantos; c) No mesmo relatório e contas não encontrei informação acerca da receita de bilheteira; consegui ir buscá-la à imprensa nacional; d) O esforço financeiro do Estado também inclui aumentos de capital que não aparecem referidos nas demonstrações;
Ah, tentei arranjar comparações internacionais por aqui, mas sem grande sucesso. Se alguém tiver mais tempo que eu...