Londres IV (agora mesmo para acabar)
Parece que os tumultos já acabaram. A Esquerda caviar que defendia que foi tudo causado por pobreza e alienação vai ter alguma dificuldade em explicar quais as políticas sociais milagrosas que o Estado britânico colocou no terreno em menos de uma semana para voltar a pôr os miúdos em casa. E a Direita do crucifixo vai ter de arranjar melhor argumento quando quiser falar de crise de valores e do niilismo da juventude.
Não espero que quem faz política (ou dinheiro) a vomitar preconceitos perca agora muito tempo a comparar as previsões que fez na altura com os factos que agora conhecemos. Uma parte do proveito de opiniões extremadas só é devidamente extraído quando estas são debitadas com convicção e violência. Parar para pensar, reflectir e mudar de opinião estragava a imagem de certeza absoluta que é preciso projectar.
Mas espero que a opinião pública perceba, ainda que pouco a pouco, a quem não deve dar ouvidos. As certezas que cada um reivindica não são uma medida do grau de correcção da sua opinião. São um barómetro da sua casmurrice. Um dia compreenderemos isso.