Jornalismo de causas
O Público de ontem (acedam aqui, por portas travessas) tem uma peça fantástica acerca dos cortes de despesa. O título é forte: Cortes vão levar a despedimentos e fecho de cursos universitários. Como é que a jornalista sabe isto? Porque os responsáveis pelas universidades e politécnicos lhe disseram.
Mas o mais curioso não é o facto de se fazer tábua casa do conflito de interesses. É este "framing" de vómito que se rende à ideia de que se é menos é mau, se é mais é bom; este culto da carga que não consegue comparar benefícios e proveitos com custos e prejuízos. Mas será que se justifica a quantidade de professores e técnicos nas universidades? Será que não seria de considerar a redução do número de licenciaturas, tendo em conta números deste género? E contratações que violam a lei devem ser acomodadas como despesa ou rejeitadas como ilegais? E é de facto necessário gastar fundos públicos com a investigação de treta que pulula por alguns departamentos?
Não tenho uma resposta final para estas questões (apesar de ter alguns palpites...). Mas o Público também não sabe e faria melhor em admitir a ignorância do que fazer o jogo das Universidades e Politécnicos. Pensem. Duvidem. E ponham em causa. No que diz respeito à geografia, a "gordura" do Estado pode ser muito democrática: tanto se aloja no lombo da CP como nas nádegas de alguns catedráticos.