Uncut
O anunciado ontem por Passos Coelho é mais violência sobre os contribuintes, públicos e privados. Sobretudo os públicos. Acho curioso ter sido anunciado nas vésperas de uma manifestação importante; amanhã veremos a que distância estamos de uma revolução. A data não poderia ser melhor: dois dias depois de todos sabermos que vamos ter de apertar ainda mais nos próximos dois anos, teremos a oportunidade de ir para a rua dizer o que pensamos.
Prevejo que o grosso dos manifestantes venha a ser da esquerda revolucionária, que está contra a própria ideia de termos de seguir o que nos foi imposto de fora. A restante população parece resignada - percebe que, apesar de tudo, pouco mais há por onde cortar. E mais importante, que há legitimidade e justiça nos cortes anunciados: são cortes que afectam mais quem mais tem, de uma forma geral. Há excepções, claro: por exemplo, em teoria (não calculei nem sei de quem tenha calculado o impacto de uma medida como esta), a banca poderia ser mais taxada.
De qualquer forma, gostaria que amanhã se manifestassem também aqueles que, aceitando o imposto pela troika, tenham ideias para mais justiça social nos cortes. Afinal, se não usarmos a rua para nos expressarmos como o faremos: comentando no Facebook do primeiro-ministro?