Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

A Douta Ignorância

Política, Economia, Literatura, Ciência, Actualidade

A Douta Ignorância

Política, Economia, Literatura, Ciência, Actualidade

Nós amamos-te!

Tiago Moreira Ramalho, 28.10.11

A Douta Ignorância tem um novo autor. O processo negocial foi complexo e moroso. A principal causa do conflito foi o pagamento. É certo que não pagamos nada, no entanto não conseguíamos decidir se deveríamos pagar esse nada nas tradicionais catorze tranches ou nas europeias doze. O novo autor, alheio a tudo isto, graças aos céus, não teve dizer na matéria, mas a disputa foi cerrada no ceio dos actuais autores. Eu, que temia futuras necessidades de austeridade, propunha as catorze tranches - «É mais fácil de cortar nisso», argumentava. A Priscila, que tinha acabado de pintar as unhas com que atacou um comentador assanhado nos assédios, dizia que do ponto de vista económico é indiferente - «Isso não faz diferença nenhuma desde que o salário anual seja conhecido, porque o agente-racional-que-estamos-a-convidar certamente optará por suavizar o seu consumo depois, financiando-se durante os meses em que recebe menos e pagando essa dívida nos meses em que recebe mais». O Rui aqui, confuso, pousou a edição antiga da Gina e começou a prestar atenção. O Zé, pouco dado a essas coisas de agentes racionais e financiamentos, disse que não se pagava salário - «Dêem-se-lhe senhas para se alimentar, para se vestir e um T0 em Alfragide e pronto». «Zé», chamámos em coro, «não te esqueças que nós só estamos a discutir a melhor forma de não lhe pagar». «Vão para o caralho!», gritou, já cansado de tanta discussão, o Bruno, e correu para a biblioteca mais próxima. Sentado na sua mesinha, com o «Cem Anos de Solidão» aberto na página em que a mãe do José Arcadio “achava que a sua desproporção [do falo] era uma coisa tão desnaturada como o rabo de porco do primo”, puxa do bloco de notas e, numa confissão feliz, escreve a si próprio que este é o melhor blogue em que já escreveu. Com as pernas entrelaçadas por baixo da cadeira escreve, no fim, «Eu amo-vos!». Sê bem-vindo, Vasco Barreto. Nós amamos-te!

4 comentários

Comentar post