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A Douta Ignorância

Política, Economia, Literatura, Ciência, Actualidade

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Cinco feriados... e podiam ser menos

Rui Passos Rocha, 06.11.11

Como sempre rigoroso nas suas homilias, Vasco Pulido Valente escreveu ontem que Portugal não deveria ter «mais do que três feriados religiosos (Natal, Ano Novo e Sexta-Feira Santa)» e «dois feriados, por assim dizer, civis: o 25 de Abril, fatalmente, e, para não pôr muito nervosa a esquerda, o 1º de Maio». Como todos sabem, e VPV não se cansa de apregoar, o país está à beira do precipício porque se arroga mordomias impensáveis. 14 feriados por ano? Cinco seriam mais que suficientes.

É pena que VPV não se tenha dado ao trabalho de ler umas coisas antes de decidir defender direitos laborais deste calibre. Bastava-lhe, a ele que até passou por Oxford, pesquisar "holidays + GDP" para focinhar num artigo que contraria a sua ideia, concluíndo que «holidays affect economic growth positively», apesar de «in a statistically insignificant way» - este efeito positivo resulta sobretudo do grande consumismo em feriados laicos.

Mais importante, teria lido que para o crescimento económico é muito mais importante o Índice de Desenvolvimento Humano de um país do que o seu número de feriados. Por exemplo, o Luxemburgo, que tem o 5º maior PIB per capita do mundo tem três feriados anuais. Ah não, desculpem: tem 13. A Noruega, 7ª classificada e com o melhor Índice de Desenvolvimento Humano, tem 11. A Suécia, com o 14º melhor PIB per capita e um dos mais altos IDHs, tem... 14 feriados.

E por aí fora: Alemanha 10, Austrália 9, Áustria 13, Bélgica 13, Brasil 13, Canadá 14, Chile 15, Dinamarca 11, Espanha 11, Estados Unidos 11, Finlândia 13, França 10, Grécia 15, Holanda 11, Itália 12, Reino Unido 12 (em média; a Escócia tem mais). Mas se a ideia de VPV é passarmos a cinco feriados como forma de dizer à troika que estamos dispostos a tudo, inclusive a perder a cabeça, então parece-me boa.

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