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A Douta Ignorância

Política, Economia, Literatura, Ciência, Actualidade

A Douta Ignorância

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Patetices

Rui Passos Rocha, 30.11.11

 

De acordo com o Filipe Nunes Vicente [1], o anúncio televisivo em que uma mulher vítima de violência doméstica é mostrada na morgue é mero desperdício de dinheiro. «O corpo de uma mulher morta à pancada faz tanto pela diminuição da violência sobre as mulheres como o deserto faz pela falta de água. A linha é a mesma das campanhas de prevenção rodoviária: carros destruídos, sangue, aleijados, o resultado é o mesmo.»

 

Não googlei sobre as campanhas de prevenção rodoviária, por falta de tempo e por já imaginar o resultado da pesquisa. Ainda assim, e porque o FNV escreveu que «a ideia de uma campanha para prevenir a maldade é pateta», decidi puxar os galões de idiota e exercitar os lumbricais. E o que descobri foi que, afinal, não pareço ser eu o pateta.

 

Uma das coisas que estão a ser testadas - sobretudo nos países africanos onde, estranhamente, a maldade é uma coisa arreigada - é a transmissão de novelas na rádio. Não encontrei, ainda assim, estudos que liguem isso à evolução dos casos reportados de violência doméstica. Mas encontrei-o para as Filipinas: foi criada uma novela que salientava a importância de tomar conta dos filhos, de perdoar, partilhar as tarefas domésticas e tal. Um mês após o final da novela parece que 75% dos governantes de aldeia contactados disseram que ao longo desse mês nenhum caso de violência doméstica tinha sido denunciado [2].

 

No Canadá, onde foi feita uma experiência-piloto de tolerância zero para casos deste tipo, parece que «os media desempenharam um papel significativo na forma como a comunidade percepcionou o problema da violência doméstica» [3]. E, parecendo que não, não é apenas o povo quem absorve os conteúdos divulgados pela comunicação social; também as elites - que decidem as reformas legislativas que o FNV considera serem o único meio possível para reduzir a violência doméstica - se informam. OK, o Presidente da República não lê jornais, mas é capaz de haver um ou outro político que o faça. Por isso, os media podem desempenhar um papel relevante nas reformas legislativas [4].

 

Nota: Aqui vai a sobremesa.

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