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A Douta Ignorância

Política, Economia, Literatura, Ciência, Actualidade

A Douta Ignorância

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10 comentários

  • Foi isso que a Manuela Ferreira Leite disse? É que o que eu ouvi foram duas coisas: 'o direito existe sempre para quem paga', uma trivialidade, e 'não pode ser grátis para toda a gente', outra trivialidade. A conclusão óbvia é que quem pode pagar paga, quem não pode não paga.
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    Sérgio Pinto 12.01.2012

    Sim, o que ela disse foi "o direito existe sempre para quem paga", de onde se extrai que o direito [a realizar hemodiálise, se dela necessitar] não existe no caso de não [poder] pagar.

    Entre a sua conclusão e o que ela efectivamente disse há uma galáxia de distância.
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    PR 12.01.2012

    Sérgio, se eu disser que todos os heterossexuais têm direito a fazer sexo, isto não implica que os homossexuais não tenham direito a fazê-lo.

    Ou:

    A -> B não implica que Não A -> Não B
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    Sérgio Pinto 12.01.2012

    Priscila, acho que seria mais algo como isto:
    A -> B, se se verificar a condição C (pagar).
    Ora, daqui depreende-se que sem C, A não chega a B (sendo A = pessoas com mais de 70 anos e B = hemodiálise).

    Adaptando o seu exemplo, seria algo como dizer "as pessoas têm sempre direito a fazer sexo, desde que sejam heterossexuais".
  • O Sérgio está a meter aí um 'se e só se' que em lógica está a galáxias de distância de um 'se'.

    Eu tenho direito a ter nacionalidade portuguesa se nascer em Portugal continental, o que não implica que caso o meu pai seja português eu não possa ter nacionalidade portuguesa nascendo noutro país. Uma condição só é exclusiva se houver um 'se e só se'.

    Aplicado, toda a gente tem direito se pagar. Alguns podem ter direito não pagando (também o teriam se pagassem), desde que se qualifiquem para tanto.
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    Sérgio Pinto 13.01.2012

    E mais uma coisa de que me esqueci: se estes números forem verdadeiros (http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?channelid=f48ba50a-0ed3-4315-aefa-86ee9b1bedff&contentid=4CFDB1D5-820A-4B0D-9D21-3B819B073E9F), 290 milhões/ano com 10.300 doentes, chega-se a um valor anual de mais de €28.000/doente. Ora, num país em que o ordenado mediano que anda pelos €800/mês... Eeerrrrrrrr, pois...
  • Honestamente, não me tinha apercebido dessa parte do discurso. Poderia dizer que o embrulho se deveu à inabilidade típica de expressão de MFL, mas não o faço para que se não diga que estou a ser complacente. Parece-me estranho que ela defenda realmente que só alguém que possa pagar possa ter um serviço de saúde.

    Quanto ao pagamento. Ó Sérgio, disse muito bem: uma pessoa em Portugal tem um salário médio de 800€. Melhor ainda: o rendimento médio anual é de 23000€. Perceba que para o tratamento, é preciso uma pessoa trabalhar mais de um ano inteiro sem que nenhum dos proveitos do seu trabalho venha para si, indo tudo para o pagamento do serviço. Há que perceber que o dinheiro vem de algum lado. E que não é infinito. A riqueza não é infinita. Por isso, sim, o fim da gratuitidade tendencial é uma trivialidade. Já o seria há muito tempo, se houvesse seriedade no debate. Propor um serviço de saúde universal e gratuito ultrapassa a demagogia. É simplesmente impossível.
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    Sérgio Pinto 13.01.2012

    Tiago,

    Até posso admitir que sim, que ela não defenda exactamente o que as palavras dela parecem indicar, até porque, do que li, ela depois reformulou o que queria dizer. Simplesmente, parece-me que, independentemente disso, ela merece mais críticas do que uma qualquer associação de doentes renais...

    Quanto à gratuitidade (ou próximo) do sistema, bem, poderá ser muitas coisas, mas impossível, dessa forma taxativa, dificilmente será. Afinal, os suecos pagam (ou pagavam, em 2005 - não sei se mudou) um máximo de menos de €100/ano (http://news.bbc.co.uk/2/hi/health/4460098.stm). No caso deles, como no de todos os outros países, presumo que o dinheiro venha dos impostos (e do Estado 'monstruoso' que eles tanto fazem questão de manter).
    Estou longe de ser um especialista ou sequer de ter muita informação sobre o tema, e admito que possa haver um problema de longo prazo em relação ao aumento dos custos - mas mesmo que isso seja verdade, não decorre automaticamente que a solução passe por acabar com a gratuidade/baixo custo para o utente.
    E quando dei o exemplo do salário mediano, foi precisamente para ilustrar que o número de pessoas que poderia pagar aquilo seria irrisório - mas como se trata de um número pequeno de doentes (face à população), é relativamente simples distribuir esse custo por todos (e nem acho que pudesse haver outra solução aceitável).
  • Mas o pagamento do serviço de saúde só é possível de duas formas: cobrar impostos para depois transferir esse dinheiro para o sistema (e a cobrança tem o limite natural que é a totalidade do rendimento produzido), ou através do pagamento pelo próprio utente.

    Aquilo que é mais racional aqui é fazer discriminação de preço. Qualquer empresa faz trinta por uma linha para fazer discriminação de preço, para tentar perceber qual a disponibilidade a pagar do cliente, etc. O Estado não precisa disso: tem os papéis do IRS. Definir quanto paga cada pessoa (por escalões, ou o que seja) é muito simples. Mas toda a gente tem de pagar em certa medida, porque caso contrário há congestionamento, há falta de eficiência, há deterioração da qualidade.

    Resolver a coisa nem é muito difícil. Só é preciso perder uma série de preconceitos.
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