"O que pensa João Semedo disto?"
Eu sei que já vem tarde - o post tem uns cinco ou seis dias - mas só agora li a pérola. Helena Matos cita um trecho de um texto que diz que "todo o argumento que tenta estabelecer uma distinção moral entre animais humanos e não humanos, tenta retirar aos últimos o direito a ter direitos somente por pertencerem a uma espécie diferente da nossa".
Vindo de onde vem (Esquerda.net...) eu até diria que é uma das coisas mais ponderadas, sensatas e razoáveis que se lê por aquelas bandas. Mas a Helena Matos extrai, daqui, que "Nesse caso é tão válido a nossa espécie retirar direitos como dá-los porque os animais per si são alheios a essa visão humanizada da sua vida. Por este caminhar as águias ainda são obrigadas a optar pelo vegetarianismo e o BE ainda vai exigir um canal do serviço público de televisão para vacas e RSI para as ratazanas altruístas".
Hum, como disse?
Ó Helena, os bébés e alguns deficientes mentais também são alheios a essa "visão humanizada" da sua vida. Isso não significa que tenhamos a liberdade de os espancar, violar ou matratar. Os direitos éticos não se fundam na reciprocidade. Isso não é ética nem moral nenhuma - é calculismo. E para promover o calculismo não precisamos de alterar a lei - acredite que cada um chega lá por si mesmo.
E eu não sei o que o João Semedo acha do excerto do artigo em questão. Mas imagino o que ele acharia de um texto que começa a ironizar com uma trivialidade (que a distinção humano/não humano é um critério especista), passa para a conclusão de que só quem tem deveres pode ter direitos, e acaba a falar em RSI para ratazanas altruístas. Como ele é médico, talvez conseguisse identificar a patologia.