Docentes
As professoras não são vacas – eis uma sentença insofismável desde o dia em que a Dona Idalina Seixo Seabra se reformou, e que adquiriu foros de dogma na suave data em que a mesma senhora passou ao estado de defunta. A editora Civilização, em homenagem a Idalinas e outros ruminantes, não concorda. Declara, em livro que entretanto alterou, que as professoras têm o seu quê de vacas e que a boa nova deve ser anunciada às crianças, fraquinhas na definição teórica de metáforas mas muito perspicazes quando se trata de detectar semelhanças entre figuras de autoridade e quadrúpedes. Os professores mugem toda a indignação e, como sempre nestas coisas que envolvem criancinhas, aparece alguém a zurrar psicologias: "É uma piada de mau gosto, mas os pais devem explicar o seu sentido". Amén. Entretanto, ali para os lados de Mirandela, uma professora do 1º ciclo do ensino básico, responsável pelas Actividades Extra-Curriculares, abriu as Portas do Inferno ao despir-se, extra-curricularmente, para a revista Playboy. A Câmara, que contratou a professora, já prometeu uma decisão no prazo de uma semana, período durante o qual, presumo, terá de escrutinar as provas do delito, de preferência com recurso a longos interrogatórios. Bruna, morena prevaricadora, redime a classe docente de séculos de Idalinas e de bigodes nogueirentos. Infelizmente, não chega. Os petizes ficarão privados deste elevado contributo para o seu desenvolvimento social e os paizinhos continuarão a apreciá-la em contextos menos nobres.