Fundo de «salvamento»
As ajudas aos bancos na turbulência de há uns meses, apesar de duvidosas, podem ser de algum modo justificadas com a imprevisibilidade da situação – se calhar nem tanto, mas vamos supor que sim. Os governos, deparados com uma situação catastrófica, sentiram que tinham de fazer algo e, mesmo que o que fizeram não tenha sido do mais acertado, acabamos a relativizar os estragos. No entanto, se a situação excepcional permite relativizar a actuação excepcional, é completamente absurdo que assistamos sem reagir àquilo que se propõe por essa Europa fora. Quer a União criar um fundo, com participação de todos os bancos, que servirá para os «salvar» no caso de falência ou da sua iminência.
Penso que não é difícil pensar nas implicações de um tal fundo. O sector bancário, que mesmo sem garantias assumiu riscos muito acima dos níveis óptimos, com uma garantia permanente iria levar isso a um extremo absoluto. Isto é a base da teoria de incentivos que, supõe-se, talvez mal, os senhores promotores aprenderam nas escolinhas.
A Europa continua firme no seu colectivismo pacóvio. Continua insistindo na ideia de que pode planear e conceber todas as possibilidades e que nada escapa ao seu controlo. Com isso, enche a fogueira de achas com a serenidade com que se bebe um copo de água. Um dia acaba em cinzas.