O caminho da santidade é espinhoso
O marxismo é um reino de pessimismo: a sociedade deve ser reequacionada de modo a que a inveja (pedindo de empréstimo uma das características da ética de Schopenhauer) seja abolida em favor da piedade (a outra). Esse processo, dizem-nos os teóricos, será longo e gradual - e acabará por destruir as bases da economia burguesa. Mas assim que a revolução marxista falha, a sociedade burguesa regressa e a inveja ressuscita mais depressa do que havia sido esquartejada. O marxismo é, então, anti-natural e dele resulta um pessimismo antropológico. Até Lenine, o mais inquebrantável dos optimistas, morreu descrente - se bem que não em relação às suas brilhantes ideias, mas à maleabilidade da mente dos russos.