Perguntem aos alunos dela
Andava eu meio macambúzio, sem assunto, quando me deparo, em rotineira passagem pela versão online do jornal i, com uma crónica de, pasmemo-nos, um pouco mais, Carmelinda Pereira, cidadã que, pelos vistos, é professora, o que muito tem de preocupar os restantes cidadãos. E o que diz Carmelinda Pereira? Não percebemos muito bem, na realidade. Para levarmos a objectividade a patamares mínimos, digamos que Carmelinda Pereira escreveu mil e quatrocentos caracteres sobre coisa nenhuma.
Apesar de não haver propriamente uma mensagem, além da aborrecida repetição da palavra «democracia» e respectivas derivações aplicadas à escola e assim, conseguimos extrair duas ou três «coisas» - eu ia chamar-lhe ideias, mas penso que tal seria desajustado. Ficamos a saber que Carmelinda Pereira teve doze alunos, uma vez, que saíram doutores, quase todos; que é preciso «romper com as políticas de subordinação aos especuladores», pois Wall Street anda a desgraçar o ensino nacional e não podemos deixar, ai pois que não; que os professores estão condenados a uma série de coisas, nomeadamente ao individualismo, o que muito entristece Carmelinda Pereira, pelos vistos; e que, finalmente, há muito para dizer e, como tal, tem de se organizar uma «Conferência Nacional de Defesa da Escola Pública» - Carmelinda já baptizou o certame e tudo –, para ver se isto vai para a frente, camaradas. Não somos dignos de interventores destes.